sábado, 19 de fevereiro de 2011

Durante todos esses anos , eu vivi à margem das lembranças que tanto cultivei com ela .


Talvez porque a sua presença, mesmo em sonhos, possa me fazer querer mudar de idéia sobre a decisão que fiz. E eu não posso. Nós já fomos dois, nos apaixonamos e nos tornamos um, e hoje, depois de 7 longos anos, somos mais que isso, somos três: Eu, ela, e a família que ela tanto sonhou em ter e que eu, infelizmente, não tive chances ou tempo para dar.
Eu nunca saí de Wilmington, na Carolina do Norte e, mesmo que esteja longe disso acontecer, acho que vou morrer aqui, assim como meu pai. Mas, enquanto isso não acontece, me contento em surfar durante as tardes, para passar o dia. E, nas noites de lua cheia, eu ainda sento nas dunas para observar as ondas quebrando na beira da praia, sentindo o vento salgado açoitar meu rosto. E apenas espero o milagre acontecer sozinho. Porque eu sei que, em algum lugar em Lenoir, ela espera a lua ascender entre as nuvens e, pouco a pouco, inclina a cabeça para o céu, e seu cabelo loiro reflete o brilho das estrelas em cada uma de suas mechas, e eu quase posso vê-lo balançando com o vento e exalando o cheiro de grama recém - cortada e de cavalo molhado, e então, como se ansiasse por isso o dia inteiro, ela estica o dedão rente á grande esfera brilhante e fecha um dos olhos. E, mesmo que por instantes, eu sei que ela pensa em mim, assim como eu nela.

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